Porto maravilha
Localizado no centro da “Cidade Maravilhosa”, o Porto Maravilha é uma Operação urbana desenvolvido através da maior Parceria Público-Privada (PPP) do país. Desenvolvido na Região Portuária do Rio de Janeiro, o Porto Maravilha vinha com a proposta de trazer melhorias habitacionais e da infraestrutura urbana do local, além de visar a recuperação dos patrimônios históricos localizados ali.
Mapa do Rio de Janeiro
Localização do objeto de estudo
A região portuária
A Zona Portuária do Rio de Janeiro, onde atualmente se localiza o Porto Maravilha, tem uma expressiva importância histórica na formação da cidade, visto que ela foi uma das primeiras regiões a serem integradas à expansão territorial após a fundação da cidade em 1565. Em 1808, com a chegada da Faília Real Portuguesa, a região portuária logo se tornou o principal entreposto comercial da cidade do Rio de Janeiro
Porto Maravilha, RJ
Mas o que mais se destaca no processo histórico da região é o fato de um dia ter sido o maior porto de tráfico negreiro do mundo, e de abrigar a Pequena África, um centro cultural da comunidade afro-brasileira e que deu origem a diversos quilombos urbanos, e também a primeira favela do Rio de Janeiro, sendo ela o Morro da Providência. Atualmente a região do porto abriga 32 mil habitantes, sendo a esmagadora maioria da classe trabalhadora. Dos 10.098 domicílios da região constados em 2016, somente 611 possuíam renda maior que três salários mínimos.
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Partindo desse panorama histórico-cultural que a Zona Portuária do Rio de Janeiro carrega consigo, é perceptível que o projeto do Porto Maravilha é um exemplo de intervenção urbana que negligencia a raízes, heranças culturais e a própria população que ali vive. Com essa percepção, contradições nas diretrizes do projeto começam a vir a tona. Com o discurso de "garantir que a população se beneficie da requalificação para melhorar sua qualidade de vida sem sair da área", o projeto das empreiteiras integrantes da Parceria Público-Privada ocasionou na supervalorização da região, que se tornou um centro de investimento imobiliário e promoveu a venda de CEPACs, que além de ser um intrumento que acaba gerando especulação imobiliária na região acarretou no aumento do grabarito das edificações, não condizendo com as características do entorno urbano em que se insere. Podemos perceber essa diferença de gabarito nos cortes urbanos a seguir.
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cortes urbanos
CORTE AA Morro da Providencia
CORTE BB Centro Turístico do Porto
Logo, apesar de promover em seu discurso o direito à cidade para os cicadãos já existentes na região portuária. Segundo a arquiteta e Urbanista Tainá de Paula, o projeto do Porto Maravilha acaba por mostrar mais interesse em atrair e proporcionar habitação para um grupo de pessoas com um poder aquisitivo maior do que a maioria das pessoas que lá habitam.
Vista para o Morro da Providência
equipamentos urbanos
O Porto Maravilha apresenta uma vasta gama de funções territoriais, sendo as de principal enfoque as áreas de lazer, os setor comercial as zonas residenciais e transporte
Em relação à infraestrutura urbana do Porto Maravilha, é seguro dizer que no que se trata de mobilidade urbana foi o tema mais celebrado na formulação do projeto. Ele vem com a proposta de diminuir a necessidade de grandes deslocamentos e mudar o conceito de mobilidade urbana ao privilegiar os espaços para pedestres e o transporte público coletivo, com a introdução do Veículo Leve sob Trilhos (VLT), um dos carros chefes do Porto Maravilha.
Demolição da Avenida Perimetral
Para a introdução desse novo meio de transporte público foi feita a demolição de uma das principais vias dos Rio de Janeiro, a demolição da Avenida Perimetral. Tal ação foi carregada de críticas de especialistas por acreditarem que com a solução urbanistica na região portuária a capacidade viária seria acrescida em 19%, com 1700 veículos a mais por hora, acarretando numa crescente de carros e emissões de CO2. Além de que com a venda das CEPACs a capacidade dos edifícios na região aumenta absurdamente, gerando um impacto no fluxo local por conta no novo número de pessoas que terão que se deslocar diariamente para a região no futuro.
Na Avenida Perimetral haviam cinco faixas em ambos os sentidos e atualmente apenas três para cada. O que poderia solucionar esse crescimento da circulação de carros seria se houvesse um planejamento e possivel aplicação de linhas de VLT em toda a capital e cidades vizinhas, não apenas no centro.​
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o vlt
Apesar desses questionamentos, o VLT tem como proposta se integrar aos outros modais, sendo uma alternativa de transporte público mais eficiente, principalmente se levado em consideração sua qualidade ecológica, uma vez que que não se utiliza combustíveis fósseis para cirucular.
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Hoje a linha de VLT conta com 28km de extensão e 29 paradas, fazendo parte da circlação de cerca de 300 mil passageiros diariamente. O investimento total da obra foi de R$ 1,157 bilhão de reais.
mapas de mobilidade urbana
Também foram implementadas uuma rede cicloviária na região do Porto Maravilha, além do Teleférico do Morro da Providência.
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A implantação desse último foi outra grande polêmica acerca das intervenções realizadas no Porto Maravilha. Com um investimento de R$75 milhões, foi motivo da destruição de 140 residências no Morro da Providência, além de só ter entrado em operação durante os Jogos Olímpicos de 2016 e hoje se encontra fechado e deteriorado.
Por ser um projeto muito visado para ser executado de forma a atender demandas dos Jogos Olímpicos de 2016, não é de se surpreender que a diretrizes tomadas na formulação do Porto Maravilha que vemos hoje em dia, tenha se voltado para atrair um mercado imobiliário e os milhares de turistas que passaram a perceber essa região do Rio de Janeiro que antes era pouco comentada e que agora atrai a atenção de pessoas do mundo inteiro. Contudo, é intrigante pensar em por que a população local, assim como as heranças históricas que o porto carrega continuam a ser tão invisibilizadas.
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Com um investimento total que ultrapassa a casa dos R$10 bilhões, fica sendo pincelada a dúvida do por que mesmo com todo esse investimento, algumas das atrações encontradas no Porto Maravilha como o Museu do Amanhã, o Museu de Arte do Rio, o AquaRio ou a Yup Star Rio, roda gigante inaugurada em 2019, receberam tanto apoio para que suas contruções fossem realizadas e concluídas, enquanto a própria população, que precisa de melhorias em infraestruturas como no Teleférico da Providência, e pontos que resgatam a memória local como o Cais do Valongo, Instituto dos Pretos Novos e o Centro Cultural José Bonifácio, não recebem a mesma atenção e investimento para que recebam melhorias ou sejam mais vistos e conhecidos pela própria população do Rio de Janeiro e também turistas.
