
Parc de La Villette
Bernard Tschumi
UM PARQUE URBANO PARA
O SÉCULO XXI
O Parc de La Villette é fruto de um concurso de arquitetura realizado em 1983 pelo governo de Paris para a construção de um parque numa área de aproximadamente 55 hectares num subúrbio semi-industrial ao nordeste do centro, onde ficavam os abatedouros da cidade.
O intuito do concurso era a implementação de um projeto que contemplasse um programa complexo de instalações culturais e entretenimento, marcando a “visão de um tempo”, expressando o ideal de um parque do século XXI.
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O vencedor do concurso com mais de 470 participantes foi o arquiteto suíço Bernard Tschumi, com uma proposta inovadora pautada no desconstrutivismo de Jacques Derrida.
ARQUITETURA DA DISJUNÇÃO
O desconstrutivismo é fruto do estruturalismo, uma corrente filosófica que buscava uma análise da cultura a partir da linguagem, tendo a linguagem como um sistema de signos. O estruturalismo considerava a linguagem um sistema binário arbitrário entre significado e significante, e dentre outras ideias, criticava a criação de significado a partir do contraste entre opostos e a valorização da presença em detrimento da ausência na concepção da linguagem. Baseando-se no estruturalismo, o desconstrutivismo vem para negar qualquer possibilidade de significado prévio do objeto, o significado deveria ser pautado numa elaboração conceitual, subvertendo sentidos e explorando ambiguidades.
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Nessa desconstrução do próprio programa também encontra-se um paralelo com a aversão ao significado arbitrário, prezando por espaços flexíveis livres, sem função determinada, gerando uma liberdade de usos que desconstrói a também figura do autor “centro dominante da tradição ocidental” criticado por Derrida.
"Eu queria criar um lugar que as pessoas pudessem se apropriar, que pudessem assumir o controle e que não as restringisse, de certa forma"

Abatedouros em La Villette, 1984

"Eu ataco o sistema de significado. Sou a favor da ideia de estrutura e sintaxe, mas sem significado."
E assim fez Bernard Tschumi em seu projeto. O Parc de la Villette explora a dualidade entre ordem e desordem em um sistema de pontos, linhas e superfícies, onde se distribuem cerca de 25 folies. Folies são pequenas construções com funções variadas, normalmente relacionadas ao ócio. No projeto em questão eles se apresentam em diferentes desenhos e marcados pela cor vermelha, referenciando o desconstrutivismo do início do século XX. Os folies representam tanto a desconstrução do objeto arquitetônico quanto a do próprio programa.
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"Eu o chamo de o maior edifício desconstruído do mundo, pois é um edifício, mas dividido em muitos fragmentos."

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bibliografia
Parc de la Villette is the “largest deconstructed building in the world”. Disponível em: <https://www.dezeen.com/2022/05/05/parc-de-la-villette-deconstructivism-bernard-tschumi/>.
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Guerra, Tânia. 2006. “Construção - Desconstrução - Reconstrução”. Paranoá 2 (2). https://doi.org/10.18830/issn.1679-0944.n2.2006.15226.
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Cinegram Folie: Le Parc De La Villette Bernard Tschumi 1988. Princeton Architectural Press ISBN 0910413371
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COSTA, M. O. O Parc de la Villette de Bernard Tschumi. Disponível em: <https://marcosocosta.wordpress.com/2013/09/04/o-parc-de-la-villette-de-bernard-tschumi/>. Acesso em: 4 jul. 2022.